3 de maio de 2016

a marca das datas marcadas no calendário


























não sou muito dada à missa solene do dia da mãe, ao desfile inebriante de fotos de doces mães com os seus ainda mais doces filhos. a declamações mais ou menos poéticas de amor de uns para os outros. congratulo-me com os dias rotineiros, os mais básicos e amorfos dias, com almoços requentados, com muita conversa fiada, os dias em que rimos baixinho antes de dormir, os dias em que damos a mão e os dias em que lemos muitos parágrafos. esses dias esvaziados de decorações, encenações e formalidades. este dia da mãe não seria diferente. tínhamos planeado partilhar a construção de uma maquete a oito mãos. tínhamos planeado uma ida ao parque, uns a agarrar vitamina D outros a dissipar energia. este dia da mãe não seria diferente mas foi. foi embrulhado no nosso maior grau de carinho em cadeia e amor a tentar queimar etapas hospitalares, a ignorar todos os S's dos Se's e a agarrar todos os S's de soluções. a usar todos os tipos de analgésicos ao nosso dispor (muito funnygas) com todos os malabarismos como os que nos lá levaram. os malabarismos dele são mais acrobáticos que os nossos, com a idade ganhamos contorcionismos mentais. são só dois ossos repito enquanto amorno a frieza inicial. o tempo ligará o rádio e o cúbito que  voltarão a encontrar-se com os carpos, muita música ainda por tocar e voltarão a lançar-se na arte contorcionista desta vez com uma reserva permanente de  pó de magnésio na carteira e trapézios com uma rede grossa feita de amor. e estes dias vão voltar ele promete.



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eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982