7 de fevereiro de 2012

m




















assaltava-me um prurido de cada vez que me chamavam mama e ainda me nadavas na barriga. foi a partir do dia em que nasceste que muito devagarinho e com uma intensidade crescente avassaladora me senti mama. nesse início descobri um animal feroz cá dentro, que rosnava e grunhia quando me te arrancavam do colo e te impregnavam de perfumes e odores de adulto. aos quase três anos e meio ganhaste um dos melhores presentes que se pode ter: um irmão. um dia vais sabe-lo, esperamos nós (a referência da mama é de facto muito visceral). superaste com calma os primeiros tempos em que o caos quase se instalou cá em casa. aproveitaste para voltar ao ninho, quando descobriste que ainda lá cabias. esses regressos que fazíamos a pé ao voltar da escola hão-de manifestar-se nas minhas costas quando for velhinha, disso estou certa. ainda te acho o menino das pequenas coisas, reparei no outro dia quando observavas cada alvéolo da tangerina que devoraste. manobraste desde cedo a tesoura com minúcia mas agora insistes que queres ser piloto. delicío-me quando te lembras de encher uma caixa vazia para fazer um instrumento e esses trabalho devemos sobretudo à vóvó. andamos a ler um história sobre uma menina a quem os pais deram de prenda de aniversário uma caixa de cartão vazia e ela, resignada, primeiro abre-lhe um buraco, depois, descobre que pode fazer dela uma casa de bonecas. o nosso futuro, o teu futuro, está aí à frente. havemos, hás-de construi-lo com as ferramentas que conseguires agarrar. até lá, a cada dia, esperamos que os exercícios que a mama e o papa te vão dando para isso te preparem. neste aniversário a caixa vem cheia, o conteúdo, uma bicicleta, há-de nos proporcionar mais momentos em família. com o contentor, a caixa vazia, podemos construir tudo o quisermos.

3 comentários:

madrid disse...

De arrepiar: a melhor prenda é esta embora ele não o saiba. Parabéns!

umademim disse...

:)

Na vitrine disse...

:) Ena... como o tempo passa tão depressa!!

eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982